Ondas, marolas e o Rodrigues

– Rapaz, tu já prestou atenção que depois que esse Bolsonaro assumiu vem acontecendo tudo o que não presta aqui no Brasil?

A frase é do Rodrigues, meu barbeiro, em meio ao corte de cabelo. Navalha na carne. Exageros à parte, isso demonstra a que nível está chegando a popularidade do presida em ano eleitoral. Meus termômetros de análise política são os barbeiros, taxistas (e hoje uber etc) e donos de boteco de copo sujo. Infalível.

Em campanhas eleitorais acontece o que os colegas do métier chamam de onda. É quando o povo, essa coletividade que ninguém entende, decide pra qual rumo ir. Ou pra qual não ir. Claro que há as marolas. São aqueles que, seguindo com as comparações medíocres, nadam e morrem na praia.

Os principais postulantes à tal terceira via parecem ser maroleiros. Doria e Moro não deslancham. Aquele por não conseguir tirar o suéter e o sapatênis. O segundo por ter perdido toda a credibilidade com o ocaso da lava-jato. Doria até tem preparo intelectual pra se colocar na mesa de debates. Moro, a cada entrevista, se mostra superficial em tudo.

As últimas pesquisas mostram que Lula se consolida na liderança e, se souber surfar na onda, leva no primeiro turno. Bolsonaro está numa encruzilhada. Vê a derrota batendo à porta e não há muita margem pra manobra. Já está baixando a guarda ao dizer que sai do país se Lula for eleito. Sai em protesto ou pra não ser preso?